Ao
longo da história da humanidade a maioria dos registros feitos, em se
tratando de narrativa textual, foram em forma de metanarrativas, que são
as narrativas retóricas e lineares, com classificações hierárquicas e
de forma que a leitura não é feita baseada em associações, como acontece
no hipertexto. Tanto em registros religiosos quanto em
livros didáticos a narrativa segue uma temporalidade linear, do mais
antigo ao recente, de acontecimentos subseqüentes por períodos
históricos, e por outros fatores próprios do projeto da modernidade.
Porém no mundo contemporâneo nos deparamos com o excesso de informações e
a urgência de seleção dessas informações. A estrutura de uma narrativa
hipertextual vem permitir melhor desempenho nesta seleção de
informações.
O termo hipertexto foi criado por Theodore Nelson, na década de
sessenta, para denominar a forma de escrita/leitura não linear na
informática, pelo sistema “Xanadu”. Até então a idéia de
hipertextualidade havia sido apenas manifestada pelo matemático e físico
Vannevar Bush através do dispositivo “Memex”.
O hipertexto está relacionado à própria evolução da tecnologia
computacional quando a interação passa à interatividade, em que o
computador deixa de ser binário, rígido e centralizador, para oferecer
ao usuário interfaces interativas. O termo interativo já pertencia ao
campo das artes quando se propunha intervenção do/com apreciador, no
entanto o termo interatividade passa a se associar a sistemas da
informática, por fazer um contraponto à leitura/escrita das
metanarrativas.
O hipertexto vem auxiliar o ser humano na questão da aquisição e assimilação do conhecimento, pois tal como o cérebro humano,
ele não possui uma estrutura hierárquica e linear, sua característica é
a capilaridade, ou melhor, uma forma de organização em rede. Ao
acessarmos um ponto determinado de um hipertexto, conseqüentemente,
outros que estão interligados também são acessados, no grau de
interatividade que necessitamos.
Por muitos anos interagir com o computador exigiu uma base de
conhecimento em alguns sistemas de hardware, mas com a evolução de
softwares hipertextuais, cada vez mais têm sido aperfeiçoados mecanismos
de interatividade através do mouse
e de outros periféricos, como câmera, scanner, etc. A tela de um
monitor apresenta-se hoje fragmentada e personalizada, proporcionando ao
usuário a facilidade de acesso às informações e a forma lúdica de utilização das ferramentas.
Foi no campo da informática que surgiu o hipertexto, pela necessidade
de tornar o computador cada vez mais interativo. Mas o hipertexto não
precisa ser interativo e sim “explorativo”. Ao navegar pela internet
vamos encontrando endereços de sites, palavras sublinhadas, ícones
piscando, e muitos outros atrativos que nos levam a clicar com o mouse e
abrir diversas janelas, pois bem, este é o chamado efeito hipertextual
no ciberespaço. Da mesma forma pode acontecer num documento de texto
(Word, Página na internet), onde se inserem palavras-chaves que levam a
outros textos ou imagens.
Ele não está presente apenas no campo da informática, mas
encontra-se também nos livros de formatos convencionais, onde os autores
buscam facilitar
a compreensão de cada capítulo na sua individualidade, sem que perca a
essência que compõe o todo, a idéia central do autor. Hoje é muito comum
encontrarmos livros organizados por um autor e escritos por vários.
Estes livros não lineares são exemplos de hipertextos.
O hipertexto permite ao leitor decidir o rumo a seguir na sua viagem pela leitura, tornando o tempo e o espaço, em relação à construção textual, flexível.
A televisão, o cinema, e outras áreas das artes e do entretenimento
também vêm trabalhando com a idéia do hipertexto, até mesmo para
alcançar o público hoje mais hiperativo, que vive uma contemporaneidade
fragmentada, numa contagem regressiva do tempo de seus afazeres. Há
filmes que apresentam algumas pequenas histórias, que parecem
independentes umas das outras, porém a essência de cada uma faz parte de
um único enredo desenvolvido pelo autor.
Enfim, as partes de um hipertexto fazem sentido, mesmo sendo
deslocadas do seu eixo central ou enredo. Ele possibilita a livre
escolha, por onde começar e em que ordem seguir.
FontesLÉVY, Pierre. As tecnologias da inteligência. O futuro dom pensamento na era da informática. Rio de Janeiro: Ed. 34, 1993.
SILVA, Marco. Sala de aula interativa. Rio de Janeiro: Quartet, 2002.
FONTE: http://www.infoescola.com/informatica/hipertexto/
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